5º Concílio de Latrão: história, resumo e objetivos

quinto concílio de latrão

O Quinto Concílio de Latrão, realizado entre os anos de 1512 e 1517, foi o décimo oitavo concílio ecumênico da Igreja Católica e o último antes da Reforma Protestante e do Concílio de Trento.

Convocado pelo Papa Júlio II, o concílio teve como objetivo restaurar a paz entre os governantes católicos e afirmar a autoridade do Papa. Conheça nossos outros artigos de Teologia.

O que foi o Quinto Concílio de Latrão?

O Quinto Concílio de Latrão, realizado entre 1512 e 1517, foi um concílio ecumênico da Igreja Católica convocado pelo Papa Júlio II.

Este concílio teve como objetivo principal restaurar a paz entre governantes católicos e reafirmar a autoridade do Papa.

Foi um momento crucial na história da Igreja Católica, ocorrendo imediatamente antes da Reforma Protestante. Conheça o Concílio de Trento em detalhes aqui.

Durante o concílio, várias decisões importantes foram tomadas, incluindo a rejeição e condenação do conciliábulo de Pisa, que desafiou a autoridade papal.

Também foram promulgadas regras sobre questões como a imortalidade da alma, a liberdade da Igreja e a regulamentação da publicação de novos livros.

No entanto, apesar das decisões tomadas, o Quinto Concílio de Latrão teve pouco impacto prático e não conseguiu evitar a crescente dissidência que levaria à Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero em 1517.

Assim, o concílio marca um momento de transição na história da Igreja Católica, preparando o terreno para desafios significativos à sua autoridade nos anos seguintes. Conheça mais sobre o Concílio Vaticano I clicando aqui.

Resultados do Quinto Concílio de Latrão

O Concílio de Latrão V, realizado entre 1512 e 1517, teve uma série de consequências significativas para a Igreja Católica e para a história religiosa da época.

Algumas das principais consequências foram:

  1. Rejeição do Concílio de Pisa: O Concílio de Latrão V rejeitou e condenou as decisões tomadas no Concílio de Pisa, que desafiou a autoridade papal. Isso reforçou a supremacia do Papa na Igreja Católica.
  2. Publicação de Decretos Importantes: O concílio emitiu uma série de decretos, incluindo aqueles que tratavam da imortalidade da alma, da liberdade da Igreja e da regulamentação da publicação de novos livros.
  3. Abolição da Pragmática Sanção de Bourges: O concílio aboliu a Pragmática Sanção de Bourges, um conjunto de leis que limitavam o poder papal na França.
  4. Desafio à Reforma Protestante: Embora o concílio tenha tentado abordar algumas questões internas da Igreja, como a reforma da disciplina clerical, ele não conseguiu evitar o crescente movimento reformista que levou à Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero apenas sete meses após o encerramento do concílio.
  5. Continuação da Controvérsia Conciliar: O Concílio de Latrão V não resolveu as controvérsias em torno do poder do Papa e do concílio ecumênico, que continuaram a ser debatidas na Igreja Católica.

Em resumo, as consequências do Concílio de Latrão V incluíram a reafirmação da autoridade papal, a promulgação de decretos importantes e o início de um período de agitação religiosa que culminaria na Reforma Protestante. Saiba mais a respeito dos documentos do Concílio Vaticano II.

Contexto Histórico

Quando o Papa Júlio II foi eleito em 1503, ele prometeu sob juramento convocar um concílio geral, mas essa promessa não foi cumprida.

A República de Veneza havia desrespeitado os direitos papais em seus territórios, preenchendo vagas nas sé episcopais de forma independente, sujeitando o clero a tribunais seculares e ignorando a jurisdição eclesiástica de Júlio II.

Em 1509, Júlio II se juntou à Liga de Cambrai, uma coalizão formada para restaurar as terras recentemente conquistadas por Veneza a seus proprietários originais.

Conflitos Iniciais

Os primeiros conflitos entre os Estados Papais e a França começaram em 1510. O rei Luís XII da França exigiu que a República de Florença declarasse definitivamente sua lealdade.

No entanto, declarar lealdade à França exporia Florença a um ataque imediato e alienaria seus cidadãos, que temiam um conflito com o chefe da Igreja. Além disso, Florença estava cheia de facções antagônicas e interesses irreconciliáveis.

O Conciliábulo de Pisa

Em vista do Decreto Frequens do Concílio de Constança e da demora de Júlio II em convocar um concílio geral, um conciliábulo cismático foi convocado em Pisa em 1511. Esta ação afastou ainda mais Júlio II de Florença e Pisa, colocando ambas sob interdito.

Convocação do Concílio de Latrão

Júlio II rapidamente se opôs ao conciliábulo e convocou um concílio geral por meio de uma bula papal de 18 de julho de 1511, que se reuniria em 19 de abril de 1512 na Arquibasílica de São João de Latrão, em Roma. A bula não apenas era um documento canônico, mas também tinha conteúdo polêmico.

Localização e Preparativos

Os arranjos para o concílio foram feitos pelo mestre de cerimônias papal, Paride de Grassi, que buscou a ajuda de várias pessoas com conhecimento de concílios anteriores, como Constança e Florença.

De Grassi construiu uma câmara principal de concílio dentro da nave da Basílica de Latrão. Esta câmara foi cercada por uma parede para proteger a privacidade das deliberações. Salas para refeições e banheiros foram construídas dentro dela, pois os participantes não podiam sair do local durante o concílio.

Reuniões e Decisões

O concílio finalmente se reuniu em 3 de maio na Arquibasílica de São João de Latrão. Várias decisões foram publicadas durante o concílio, incluindo a rejeição e condenação do conciliábulo de Pisa e a confirmação das excomunhões de cardeais por Júlio II em 1512.

Também foi promulgada uma bula pelo Papa Leão X, em 4 de maio de 1515, sancionando os monti di pietà, instituições financeiras sob estrita supervisão eclesiástica que forneciam empréstimos aos necessitados de maneira semelhante às casas de penhores.

Outras decisões incluíram a exigência de permissão do bispo local antes da impressão de um novo livro e a condenação de todas as proposições que contradiziam a “verdade da fé cristã iluminada”.

Conclusão e Legado

Pouco foi feito para implementar o trabalho do concílio, e se a Reforma Protestante poderia ter sido evitada se as reformas tivessem sido implementadas é objeto de debate.

As 95 teses de Martinho Lutero foram publicadas apenas sete meses após o encerramento do concílio.

Em resumo, o Quinto Concílio de Latrão foi um evento importante na história da Igreja Católica, marcando o fim de uma era e o início de desafios significativos à autoridade papal na forma da Reforma Protestante.

Suas decisões e o contexto histórico que o cercou são de grande relevância para o estudo da história da igreja e da Europa no início do século XVI.

Vítor Costa

Doutor em Química pela UFRJ. Copywriter e redator de conteúdo especializado em finanças e negócios. Dono do Portal Odisseu e do Podcast do Vítor. Amante de filosofia, literatura e psicologia.

Leitores também gostam